Um artesanato que tem alma, cheiro de barro e abraço de vó

Quando você segura uma peça feita à mão em Minas Gerais, não está pegando só um objeto. Tá tocando uma história que vem de longe, que nasceu lá no século XVII, entre missas, montanhas, fiéis e feiras. É mais do que decoração: é afeto materializado.

O artesanato mineiro é filho de três heranças fortes: a indígena, que veio com o barro e a natureza; a africana, que trouxe cor, ritmo e ancestralidade; e a europeia, que ensinou a bordar o tempo com linha, ferro e pedra. Essa mistura bonita foi sendo moldada com carinho, passando de mãe pra filha, de avó pra neta, até chegar na gente.

O Ciclo do Ouro e a Fé que Esculpiu Tradições

Na época do Ciclo do Ouro, o trabalho dos artífices e escultores ganhou um papel de destaque. Não era só ouro que saía das minas — saíam também imagens sacras, altares rebuscados e um tal de barroco mineiro que encantava o mundo. Foi ali que nasceu a lenda de Aleijadinho, um dos maiores escultores da nossa terra, que esculpia madeira e pedra como se estivesse rezando com as mãos.

Essas raízes religiosas ainda vivem em cada anjo de madeira, cada Nossa Senhora feita em pedra-sabão, e até nas galinhas de barro que enfeitam as cozinhas mineiras.

Povos Indígenas: A origem do fazer com o que a terra dá

Muito antes de qualquer bandeirante botar os pés por aqui, os povos indígenas já sabiam como transformar a natureza em beleza. Faziam cestos, cerâmicas, tecelagens... tudo com o que o mato oferecia. Essa sabedoria segue viva, principalmente no Vale do Jequitinhonha e no sertão do São Francisco, onde o barro vira poesia nas mãos das ceramistas.

É o que a gente gosta de chamar de "beleza que nasce da terra e volta pra ela".


O Toque Europeu e a Delicadeza do Bordado

Com a chegada dos portugueses e italianos, veio também o hábito de sentar no alpendre pra fiar, tecer e bordar sonhos nas colchas. Era comum ver rodas de fiar em casa e um tear que não parava nunca. Desse tempo surgiram as mantas, tapeçarias, paninhos de crochê e colchas de retalho, que até hoje fazem parte do nosso cotidiano e da decoração afetiva.

E o mais bonito? Muitas dessas peças eram feitas entre uma prosa e outra, no tempo das panelas no fogão a lenha. Coisa que só Minas entende...

Pedra-Sabão, Madeira e Ouro: A alma da matéria-prima

Minas sempre foi generosa com seus recursos. Ouro, prata, madeira, pedra-sabão, barro e fibras naturais são como as tintas do artesão mineiro. Cada matéria-prima tem seu jeito de contar uma história. A pedra-sabão virou símbolo de resistência e utilidade. A madeira ganhou formas de anjos, santos e móveis rústicos. O barro... ah, o barro virou vó, virou galinha, virou coração.

E tudo isso com um detalhe: feito à mão, com amor e intenção.


Tradição que se reinventa com afeto e criatividade

Sabe o que mantém o artesanato mineiro vivo? É o jeito como ele é passado: de geração em geração, como receita de pão de queijo ou segredo de benzedeira. Mas não é só tradição: hoje, muitos artesãos incorporam design contemporâneo, inovação e novas linguagens visuais.

O passado encontra o futuro na mesa de trabalho de quem vive do fazer. E é esse equilíbrio entre memória e inovação que transforma cada peça num verdadeiro pedaço de Minas.

Mais do que arte: é pertença, é identidade, é lar

No Ateliê Vó Adélia, cada criação carrega esse legado. Não é só um produto artesanal — é um convite pra você trazer pra dentro de casa um pedacinho da história mineira, daquelas que têm cheiro de lavanda, gosto de café coado e som de rádio antigo tocando moda de viola.

 

Se você, assim como a gente, acredita que a beleza tá nas coisas simples e feitas com o coração, então já faz parte dessa história.